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OS MAIAS
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um ultraje? A supposição era insensata, talvez — mas reteve-o no pateo, applicando o ouvido para cima, com idéas ferozes de esperar alli o Damaso, prohibir-lhe de tornar a subir aquella escada, e, á menor reflexão d’elle, esmagar-lhe o craneo nas lages...

Mas sentiu em cima a porta abrir-se, e sahiu vivamente, no receio de ser assim surprehendido á escuta. O coupé do Damaso estacionava na rua. Então veio-lhe uma curiosidade mordente de saber quanto tempo elle ficaria alli com Maria Eduarda. Correu ao Gremio; e apenas abrira uma vidraça — viu logo o Damaso sahir do portão, saltar para o coupé, bater com força a portinhola. Pareceu-lhe que trazia o ar escorraçado, e subitamente teve dó d’aquelle grutesco...

N’essa noite, depois de jantar, Carlos só no seu quarto fumava, enterrado n’uma poltrona, relendo uma carta do Ega recebida n’essa manhã, — quando appareceu o Damaso. E, sem pousar mesmo o chapéo, logo da porta, exclamou, com o mesmo espanto da manhã:

— Então dize-me cá! Como diabo te vou eu encontrar hoje com a brazileira?... Como a conheceste tu? Como foi isso?

Sem mover a cabeça do espaldar da poltrona, cruzando as mãos sobre os joelhos em cima da carta do Ega, Carlos, agora cheio de bom humor, disse, com uma dôce reprehensão paternal:

— Pois então tu vaes expôr a uma senhora as