8 : OS VILHANCICOS :
Como viviam ao calor da alma popular, logo morreram no dia em que letra e música já não satisfaziam os mais exigentes, e em que o teor dramático e teatral os apontou aos dirigentes da Igreja como impróprios dos lugares em que se desempenhavam.
E lentamente fôram morrendo até desaparecerem de todo em tempo ainda de D. João V, há precisamente duzentos anos ([1]), o que nos sugeriu a idéa de fazer acêrca dêles circunstanciada notícia, preenchendo a lacuna da história literária existente e aproveitando o ensejo da fortuna, que nos trouxe à mão nada menos que quatro volumes tam raros, como preciosos, desta espécie.
Aí os temos agora petrificados na, tristeza de pequenos folhetos amarelados e poeirentos sobre que passaram gerações indiferentes. Do carinho de outrora não conhecem hoje senão a indiscreção doentia, não deixará de haver quem diga, fatigante e inutil, anotará por ventura o maior número, de quem ainda sôbre êles se debruça com vária curiosidade nunca saciada.
Raros e pobres papeis tam frageis e tam esquecidos!
- ↑ Ernesto Vieira, Diccionário Biographico de Musicos portugueses, II, pg. 29, onde afirma que fôram proíbidos em 1723 por ordem dêsse Monarca.