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60 : OS VILHANCICOS :

2. Ai que estou ferida!
1. Ai que sinto as dôres!
Prendam-me esta ingrata;
2. Jesu, quem me acode?
3. Donde estão as armas,
Que dizeis, que esconde?
2. Quem as mãos tem presas,
Que armas usar póde?
3. Como esta ternura
Render almas soube?
1. Ai, que isto me mata
Jesu, quem me acode?
3. Acudi, pastores!
4. Quem dá vozes?
3. Uns amores d'alma,
Uma alma de amores,
Que se dão batalha
No campo esta noite.
4. Valha-te Deos por Menino,
Por Homem,
Que feres, que matas, que abrazas,
De amores,
Valha-te Deos por Menino,
O que podes…


Mas veja-se como nem tudo se perde nesta monotonia de casuistica amorosa. Figurando os Reis Magos em viagem para Belem assim se exprime o Poeta, querendo traduzir a azafama a bordo da náo já em rota no mar:

Ou! ou! leva, leva, leva,
Aperta, aperta essa escota,
Iça essa vela da gavea, iça!
Orça do leme, orça, orça!