Página:Os descobrimentos portuguezes e os de Colombo.djvu/126

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archipelagos do Oceano Atlantico, e fixavam nos seus mappas as ilhas de S. Brandão, da Antilia, das Almas, do Purgatorio, sonhadas pela imaginação celtica dos povos occidentaes da Europa. Não navegaram os Portuguezes n’um Oceano que imaginavam deserto, mas sim n’um Oceano onde as ilhas pullulavam. Quando a alguma chegavam, não suppunham tel-a descoberto, mas tel-a simplesmente encontrado. Depois de terem descoberto todas, ainda continuaram a procural-as, e hoje mesmo ainda na Madeira se suppõe que a ilha das Sete Cidades se tem conservado escondida, longe das estradas maritimas, por traz de alguma dobra do ainda mysterioso Oceano.

Essa ingenuidade portugueza, que serviu depois para os seus detractores, manifesta-se tambem na exploração das costas africanas. Nenhum navegador suppõe que chega a terra desconhecida. Todos imaginam que não fazem senão encontrar terras cuja existencia não era ignorada pela sapientissima antiguidade. Os nomes de Ptolomeu, de Strabão, de Eratosthenes, de Plinio, de Pomponio Mela e de Solino continuam a ser nomes oraculares para aquelles que estão demolindo o castello de cartas da sua vã e ephemera sciencia. Marco Polo está sendo tambem um dos seus idolos. Chegando ao Senegal julgam ter encontrado o Nilo dos Negros, porque estão ainda convencidos da verdade da velha doutrina, que separa o Nilo em dois grandes braços, um dos