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da realidade, tornando-o um personagem curioso, mas não rodeiado d’aquelle immenso prestigio anterior. Ou porque effectivamente, como sustenta o grande sinologo Pauthier, elle encontrasse christãos nestorianos na Tartaria, na provincia a que Marco Polo chama Tanduc, que Pauthier identifica com a provincia chineza de Ta-Thung, e esse facto explica-o Pauthier pela entrada de nestorianos persas na Mongolia ou no Thibet, onde teriam feito conversões, e onde effectivamente o soberano chinez lhes permittiu que erigissem um templo, ou porque, como sustentava Stanislas Julien, outro sinologo tambem notavel, Marco Polo tivesse confundido com christãos os budhistas que nas regiões que elle atravessava tinham uma das mais importantes sédes da sua religião, e que ao ver a theocracia do Grão-Lama o imaginasse um padre-rei christão, e o Prestes João por conseguinte, é certo que elle declara ter encontrado christãos regidos por um padre, que descendia em linha recta do Prestes João, que era o seu sexto descendente e que se chamava Jorge.[1] D’elle diz João de Monte-Corvino que o conheceu e o converteu

  1. G. Pauthier Le pays de Tanduc et les descendants du Prêtre Jehan. — Revue de l’Orient, de l’Algérie et des Colonies, tom. XIII, pag. 287. (Paris, 1861). Publica primeiro o capitulo LXXIII, da Relação de Marco Polo, que se intitula: Cy devise de la province de Tanduc, et des descendants du Prestre Jehan, a que se segue depois o commentario.