Descobertas positivas não as podia ter havido, porque ás terras que podessem ter-se descoberto aconteceria o que succedeu ás Canarias, que logo foram cubiçadas e disputadas. O que havia era o sonho celtico das ilhas mysteriosas no seio do Atlantico, e em busca d’esse sonho quantos navios teriam corrido, sem que das suas tripulações voltasse ás costas européas nem sequer o cadaver do cão da frota legendaria de Brékan. Mas essas ilhas phantásticas estavam profundamente radicadas no animo dos homens da edade média, e a ilha de S. Brandam tinha para elles existencia tão real como o reino mysterioso do Prestes João. Ah! quem a encontrasse, quem arribasse a uma ilha qualquer no meio da vastidão dos mares, como voltaria contente e triumphante do seu achado, doido de alegria por ter conseguido emfim fixar n’um ponto do Oceano alguma d’essas ilhas que fluctuavam no mar da lenda, filhas da miragem do mar como da miragem do sonho; ilhas phantasticas como o navio phantasma da lenda hollandeza, que todos suppunham avistar ao longe, recortando na tela de oiro e purpura do horizonte o fino perfil das suas arvores, ou a ondulosa curva das suas montanhas!
Deserto o Oceano? Não. Estava povoado, pelo contrario, de muito mais ilhas do que as que se encontraram! E quando o infante D. Henrique mandou os seus navegantes procural-as, é porque tinha