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as velas ás brizas do Oceano, e percorriam de um vôo um grande espaço, chegando a um ponto muito adiantado da Africa e tendo depois de voltar atraz para explorar miudamente o trato de costa que tinham deixado em branco![1] Navegadores do seculo XV não podiam positivamente achar-se confinados nos estreitos limites de umas ilhas perdidas no meio do Oceano, sem terem a tentação irresistivel de sondar esse mar mysterioso, sobretudo quando a lenda confirmada pela sciencia conjectural d’esse tempo lhes fallava de ilhas maravilhosas a que não tinham chegado ainda, e quando as vagas do Oceano lhes traziam a cada instante a prova evidentissima de que para além d’esse horizonte branqueado pela espuma das vagas distantes, havia terras, terras habitadas, terras cobertas de vegetação. Sobretudo nos Açores os documentos multiplicavam-se e as tentações eram mais fortes. As ilhas não se apinhavam n’um só grupo como Madeira e Porto Santo. Havia ilhas destacadas como as vedetas d’essa guarda avançada da civilisação

  1. Alvaro Fernandes, por exemplo, foi de uma vez do Cabo Verde á Serra Leôa, e depois Cadamosto e outros exploraram cuidadosamente a costa intermedia, fazendo então viagem como se faz, quando se quer estudar uma costa. «A nossa navegação diz o viajante italiano, sempre foi de dia, lançando ancora todas as tardes ao sol posto com dez ou doze braças de agua.» Navegações de Cadamosto (traducção portugueza) pag. 51.