Página:Os descobrimentos portuguezes e os de Colombo.djvu/161

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corrente das navegações methodicas que o infante D. Henrique dirigia, para o occidente e só para o occidente deixaram voar as suas aspirações.

É a prova d’isso que nós encontramos no proprio Herrera quando dá conta das revelações que incitaram Colombo a intentar a sua empreza. Foi a narrativa do piloto açoriano Martim Vicente, que, navegando a 450 leguas da costa de S. Vicente, encontrou boiando nas aguas um pedaço de madeira lavrada; foi a dos mareantes, que, saindo do Fayal, correram 150 leguas ao occidente, e que, voltando, encontraram a ilha das Flores. E, como n’um escripto publicado ultimamente na Illustracion española y americana se tratava com desdem este facto, alcunhado até de phantastico, paremos um instante para mostrar a sua perfeita authenticidade.

Foi Herrera que escreveu o seguinte: «Uno llamado Diogo de Tiene (Teive), cuyo piloto Diego Velasques vezino de Palos, afirmó a Don Christoval Colon, en el monasterio de Santa Maria de la Rabida, que se perdieron de la isla del Fayal, y que anduvieron cento y cincuenta leguas por el viento Leveche, que es el Sudueste; y que á la buelta descobriron la isla de las Flores, guiandose por muchas aves que vian boiar házia allá, las quales conocieron que non eran marinas.»[1]

  1. Veja-se Herrera, Historia general de los hechos castellanos en las islas y tierra firme del mar oceano, tom. I, cap. II e III, pag. 4 a 6. (Madrid, 1601).