Página:Os descobrimentos portuguezes e os de Colombo.djvu/174

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de Colombo, que tudo queria saber do que se passava para o occidente, que viveu nos Açores em alta situação, que alli trabalhou, pensou e elaborou os seus trabalhos geographicos, ao fazer o globo de Nuremberg, em 1492, n’elle não inseriu a Terra Nova dos Bacalhaus, apesar de se não esquecer de inserir as ilhas phantasiadas.

É no meio d’este grupo de marinheiros intrepidos, devorados da curiosidade do Oceano, que não pensam senão nas suas secretas maravilhas, que não sonham senão com prestigiosas terras, cercadas por todas as miragens do mar e por todas as miragens da phantasia, por todas as confidencias mysteriosas que as correntes pelagicas lhes trazem de remotos mundos, é n’este synhedrio de pilotos que não ignoram o que dizem os livros, mas que sabem sobretudo o que diz o livro immenso do mar, que apparece de subito a figura pensativa e ardente de Christovam Colombo. N’essas torres de atalaya, como que erguidas pela natureza no seio dos mares, debruça-se a mirar sofregamente o Oceano o rosto ardente do Genovez. Era o homem providencial, um d’estes homens em que se incarna fatalmente a idéa que fluctúa sobre uma geração revolvida pela ancia do desconhecido no mundo physico ou no mundo moral. Se o problema do Occidente preoccupa já todos os espiritos na Europa, nos Açores e na Madeira apresenta-se com dobrada intensidade. Não