mais extensa do que a dos documentos analogos e anteriores, o que admira da parte de D. João II, que tanto luctou para estabelecer a centralisação do poder real.»[1] É positivamente a impressão produzida na alma do rei pelas propostas de Colombo. A visão do occidente começa a assenhorear-se da sua alma e atormenta-o. Querem outra prova ainda? Esta carta régia foi apresentada ao tabellião, e entre Fernão Dulmo e João Affonso celebra-se um contracto em que ha a seguinte clausula: «e quanto he ao cavalleiro alemam que em companhia deles hadir que ele alemam escolha dir em qualquer caravella que quiser e do dia que ambos partirem da dita hylha Terceira, etc.»
Quem é este cavalleiro allemão que está evidentemente nos Açores e que parte com a expedição escolhendo a caravela que quizer? É claramente Martim de Behaim, que acaba de voltar da viagem que fez ao Zaire com Diogo Cão, Martim de Behaim, que tambem sonha com o encontro da Asia pelo occidente, que muita vez trocou idéas com Christovam Colombo a esse respeito, que se resolve a fazer uma tentativa, tentativa que parece não ter ido por deante, ou que, se se realisou, foi infeliz e se realisou sem elle, porque annos depois o encontramos na Allemanha
- ↑ Os Côrtes-Reaes, pag. 65, nota 123. A carta de doação a Fernão Dulmo vem publicada no mesmo volume de pag. 64 a 69.