Página:Os descobrimentos portuguezes e os de Colombo.djvu/20

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grande conqueste par deçà, qui seroit une chose bien faisable et bien raisonnable, le pourroit faire à peu de frais; car Portugal et Espagne et Aragon les fourniroient pour leur argent de toutes vitoailles et de navires plus que nul autre pays, et aussi de pilotes qui savent les ports et les contrées?»[1] Com tanta superficialidade porém se estudam estes assumptos que nem se pensa em se saber se a Guiné do seculo XIV é a Guiné posterior aos descobrimentos. Isso leva escriptores francezes e o proprio Humboldt a allegar que este mesmo Bethencourt explorou a Guiné antes dos portuguezes, sem verem que o que os seus capellães contam é o seguinte: que «os navegantes normandos se affogaram nas costas da Barbaria ao pé de Marrocos»,[2] e que Bethencourt tencionava visitar a parte da «terra firme que fica entre o cabo Cantim e o Bojador»[3]que para isso consultara o livro de um religioso hespanhol «que visitára a Guiné, mas que, chegando ao cabo Bojador se limitára a reconhecer as ilhas que ficavam áquem».[4] A Guiné do tempo de Bethencourt

  1. Histoire de la première descouverte et conqueste des Canarias faite dés l’an 1402 par messire Jean de Bethencourt, escrite du temps mesme par F. Pierre Bontier et Jean Le Verrier, prestres domestiques dudit sieur de Bethencourt, conseiller du roy en la cour du parlement de Rouen, cap. LIII, pag. 95. (Paris, 1830).
  2. Ibid., pag. 4.
  3. Ibid., cap. LIV.
  4. Ibid., pag. 102.