Página:Os descobrimentos portuguezes e os de Colombo.djvu/215

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e de sudoeste, que, longe de impellirem os navios para a costa do Brasil pelo contrario os afastariam.[1] Mas foram as correntes que levaram os navios, diz Gonçalves Dias na memoria em que procura refutar os argumentos de Joaquim Norberto, e a grande corrente equatorial arrastou os navios para a costa do Brasil.[2] Se Pedro Alvares Cabral tivesse chegado ao Pará, a sua ida teria uma explicação, porque a corrente segue de leste a oeste ao longo do Equador, mas, bifurcando no cabo de S. Roque, segue uma direcção tal, combinada com os ventos geraes, que uma esquadra, diz o almirante Monchez ha pouco fallecido, «não pode senão afastar-se

  1. Roteiro geral do globo, tom. XI, sec. 1.ª, pag. 2 (Lisboa 1839). Mouches, Les côtes du Brésil, sec. II, pag. 8 (Paris, 1864).
  2. N’uma das sessões do Instituto Historico Geographico do Brasil, o imperador D. Pedro II propoz como assumpto de discussão «se a descoberta do Brasil foi intencional ou devida ao acaso». Joaquim Norberto fez uma memoria interessante sustentando que a descoberta foi intencional, Machado de Oliveira fez uma memoria de uma futilidade inexcedivel e de uma grosseria imperdoavel que nem merece que d’ella nos occupemos, Gonçalves Dias sustentou com argumentos broncos, mas com vigor de estylo, mostrando-se muito talentoso e muito erudito, que a descoberta fôra occasional. Joaquim Norberto replicou e muitissimo bem. O unico argumento de algum peso que Gonçalves Dias apresentava era o da corrente equatorial que corre de léste para oeste. É esse exactamente o que o sr. Baldaque da Silva destróe technicamente e de um modo completo.