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cada vez mais da costa, quando quer dobrar o cabo da Boa Esperança, visto que de um lado os ventos permittem navegar para leste, do outro a costa afasta-se para oeste».[1] Se se appella para as correntes da costa, vemos, segundo o testemunho do mesmo almirante Monchez, «que durante a monção de SO levam para o norte»;[2] ora a monção de SO dura de abril a setembro, exactamente quando Pedro Alvares Cabral era, segundo se diz, arrastado pelas correntes para o sul.

Estes factos pareceram tão singulares ao almirante Monchez que não podendo explicar por elles a descoberta do Brasil, e não conhecendo os elementos politicos da questão, deduz o seguinte: «É pois quasi impossivel dar outro motivo plausivel da chegada de Cabral á vista de terra pelos 16° de latitude, a não ser um erro de caminho por esse navegador.»[3] Esse erro tinha de ser constante durante 15 dias, e seria singular que só se désse quando trazia em resultado a descoberta do Brasil, ao passo que antes d’isso tinham passado, sem o mais leve engano, pelas Canarias e por Cabo Verde, e depois d’isso foram direitos ao cabo da Boa Esperança.

  1. Les côtes du Brésil, pag. 115, nota a.
  2. Ibid., pag. 12.
  3. Ibid., pag. 116, nota a.