Página:Os descobrimentos portuguezes e os de Colombo.djvu/231

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garante-lhes que, se alguns estrangeiros ou outros individuos ousarem navegar para as partes onde elles forem, sem licença, serão punidos, embora invoquem qualquer concessão que lhes tenha sido feita, etc. É uma verdadeira concessão ingleza, positiva e ao mesmo tempo minuciosissima, sem restricções nem peias, como de quem quer que as coisas se façam e não regateia os meios, mas, se João Cabot se tivesse antecipado a estes mercadores e em proveito do rei de Inglaterra, era absolutamente disparatada semelhante concessão, que só se pode fazer, quando os lezados, se os houver, pertencerem a paiz estrangeiro, e possam, portanto, ser tratados como inimigos.[1] Mas a origem da lenda aponta-a com segurança o sr. Ernesto do Canto. Está na adulteração da versão latina de uma das cartas de Pascaaligo. Diz que «os selvagens têem nas orelhas umas argolas de prata che senza dubbio pareno sia facti a Venetia. E, dizendo isto, quer o embaixador dar uma idéa do aperfeiçoamento d’aquella arte selvagem. O traductor

  1. Esta curiosa doação foi publicada em texto latino por Bidle na obra que saío anonymamente em Londres, 1831 e que se intitula A Memoir of Sebastian Cabot with a Review of the History of Maritime Discovery, illustrated by documents from the Rols, new first published. Abrange de pag. 312 a 320. O sr. Ernesto do Canto publica tambem o texto latino com a traducção portugueza no seu livro Os Côrtes-Reaes e abrange de pag. 74 a 87.