Página:Os descobrimentos portuguezes e os de Colombo.djvu/247

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da sciencia positiva, ou para o norte, ou para o sul, a imaginação collocou as regiões da bemaventurança.

Veiu a edade média, em que uma sociedade barbara procurando reatar o fio da civilisação, tomou como ideal supremo da sua sabedoria a sabia antiguidade.

Se Ptolomeu e os outros eram respeitados pelos seus contemporaneos como eximios sabedores, para os seus novos discipulos eram perfeitamente oraculos, e a Sciencia continuou, mais do que nunca, a deter o homem dentro dos limites consagrados. Assim como os Phenicios, fundeados por assim dizer á beira da Syria, sondaram o Mediterraneo primeiro e depois o Atlantico, o infante D. Henrique de pé no posto mais avançado da costa europeia sentiu o desejo ardentissimo de sondar o grande mysterio. Realisou-lhe a audacia dos seus navegadores o seu sonho querido, quebrou-se a barreira da zona torrida, e ampliou-se para o occidente o conhecimento do Oceano. As affirmações da sciencia antiga iam caindo uma a uma sem que os navegadores ousassem comtudo desmentil-as, senão nos pontos em que a experiencia mostrava definitivamente a sua fallibilidade. A Africa foi tomando os seus contornos verdadeiros, dobrou-se a sua ponta meridional, seguiu-se para o oriente, sem se encontrar o mar mediterraneo