nado. Cada enxadada naquelles montes desfolhava uma nova pagina da historia dessas populações, cuja existencia mal deixára estes vestigios duma épocha anterior á dos documentos escriptos. Cada objecto encontrado subministrava uma explicação do modo de vida e gráo de civilisação a que haviam elles attingido; e quanto mais ávante iam as excavações, tanto mais profundamente se penetrava na historia, já adivinhada, do homem prehistorico.
Taes foram os primeiros passos da sciencia archeologica, devidos em sua mór parte aos "Kjoekkenmoeddings" que permittiam determinar os degráos de desenvolvimento pelos quaes passára a humanidade até chegar á civilisação hodierna.
E', pois, natural que, em toda a parte onde taes "Kjoekkenmoeddings" existem, os investigadores lhes tenham ligado uma importancia bem fundada, ainda mais quando se encontraram num paiz como o nosso, cuja prehistoria offerece tantos pontos enigmaticos e obscuros.
Entretanto só nos tempos modernos é que encontramos alguma cousa relativa a este assumpto, principalmente nas obras de alguns naturalistas viajantes, como: A. de Saint Hilaire (1), Bates (2), Agassiz (3) e capitão Burton (4), mas sem um caracter de exploração scientifica.
No Brazil quem primeiro adivinhou a analogia entre os "Kjoekkenmoeddings" e os Sambaquis parece ter sido o naturalista Carlos Rath, residente em S. Paulo. Desde o anno 1848 fez elle varias viagens á costa, explorando os municipios de Santos até Paranaguá; porém os artigos por elle publicados então foram mandados ao Rio de Janeiro e para jornaes allemães, e sô em 1875 publicou elle, um pequeno trabalho em portuguez.(5) sobre essas explorações, tratando ao mesmo tempo de varios assumptos.
O segundo explorador scientifico é indubitavelmente o illustrado Professor C. F. Hartt que começou por visitar os sambaquis do Amazonas em 1870, voltando logo no anno seguinte. São magistraes os trabalhos deste sabio ácerca destas explorações, publicados no volume VI do "Archivo do Museu Nacional".
