[Comi toda a Moçupiroca,
Jequeí, Guatapitiba,
Niterói, Paraíba,
Guajajó, Carioca,
Pacucaia, Araçatiba][1].
Em outro texto literário anchietano, o topônimo Miaí é usado como sujeito da oração: “I porang, erimbae, Mia’y, xe retãmbûera. – ‘Era bela, outrora, Miaí, minha antiga terra.’”[2] (Anchieta, 2004, p. 152).
Como se vê nos exemplos anteriores, os nomes de lugares eram também usados argumentativamente, isto é, como objetos ou sujeitos da oração, e não só acompanhados de posposições, em função circunstancial, como supunha Barbosa.
Os estudos sobre toponímia indígena no Brasil são quase absolutamente voltados para os nomes geográficos de origem tupi. Tais estudos cresceram grandemente depois que o engenheiro baiano Teodoro Sampaio (1997) publicou “O tupi na geografia nacional”, inaugurando um ramo da linguística indígena brasileira conhecido como Tupinologia. Tal obra também influenciaria muito o surgimento de toponímia artificial de origem tupi na primeira metade do século XX.
Com os poucos estudos que há sobre a toponímia com origem em outras línguas indígenas brasileiras, torna-se quase impossível uma análise comparativa do fenômeno linguístico que buscamos explicar, a saber, a origem dos topônimos com a posposição -pe.
Porém, se tais estudos sobre toponímia não tupi são incipientes e poucos no Brasil, eles são bem desenvolvidos em outros países da América. A existência de topônimos com posposições ou com afixos de caso locativo também se verifica em outras línguas ameríndias, como veremos a seguir.
Por exemplo, na língua Matlatzinca, do México, o prefixo be- é usado em topônimos da mesma forma como acontece com a posposição -pe, em tupi, e com o mesmo significado: “Be-hási-un-tó, no serro sobre a pedra[3]” (Mentz, 2017, p. 24).
Outra língua ameríndia em que se verifica o mesmo fenômeno é o Potawatomi, de Indiana, Estados Unidos:
Outras importantes informações sobre a estrutura dos topônimos de origem indígena da América do Norte são-nos fornecidas por um autor do século XIX: