Página:Os topônimos com a posposição tupi -pe no território brasileiro.pdf/11

Wikisource, a biblioteca livre
Bol. Mus. Para. Emílio Goeldi. Cienc. Hum., Belém, v. 16, n. 2, e20200041, 2021
Mr. Trumbull has for a long time given patient investigation and critical study to indian onomatology, and here presents us with an exposition of the structural laws governing the geographical names used by the North American indians . . .
According to his view and it is undoubtedly the correct one, “nearly all these names may be referred to one of these three classes”:
I. Those formed by the union of two elements, which we may call adjectival or substantival, with or without a locative suffix or post-position meaning, as: at, in, by etc.
II. Those which have a single element, the substantival or ground word with its locative suffix.
III. Those formed from verbs, as participial or verbal nouns, denoting a place where the action of the verb is performed (Trumbull, 1870, p. 341).
[O Sr. Trumbull por muito tempo fez uma investigação paciente e um estudo crítico da onomástica indígena e aqui ele nos apresenta uma exposição das leis estruturais que governam os nomes geográficos usados pelos índios norte-americanos . . .
De acordo com sua opinião, e que é indubitavelmente correta, quase todos esses nomes podem ser enquadrados numa destas três classes:
I. Aqueles formados pela união de dois elementos, que nós podemos chamar adjetivais ou substantivais, com ou sem um sufixo locativo ou uma posposição que signifique, por exemplo, em, junto de etc.
II. Aqueles que têm um único elemento, o substantival ou nome de lugar, com seu sufixo locativo.
III. Aqueles formados de verbos, como nomes participiais ou deverbais, que denotam um lugar em que a ação do verbo é realizada][1].

No caso do náuatle, do México, o mesmo fenômeno se observa:

En tanto que en no pocas lenguas encontramos que son nombres sustantivos en su estado absoluto los que de ordinario se emplean como topónimos, en náhuatl la gran mayoría de los nombres de lugar se estructuran por medio de sufijos dotados de una denotación locativa (León-Portilla, 1982, p. 37).
[Enquanto em não poucas línguas vemos que são nomes substantivos em seu estado absoluto os que, de ordinário, se empregam como topônimos, em náuatle a grande maioria dos nomes de lugar se estrutura por meio de sufixos dotados de uma denotação locativa][2].

Ao estabelecer uma classificação dos topônimos de origem náuatle, ele apresentou a seguinte categoria:

1.2. Los locativos que son nombres comunes, formados por medio de una raíz nominal y un sufijo (del conjunto de aquellos que tienen carácter locativizante), como, por ejemplo, tepē-c, en el monte, petla-pan, en la estera, āca-tzālan, entre las cañas (León-Portilla, 1982, p. 39).
[Os locativos que são nomes comuns, formados por meio de uma raiz nominal e um sufixo (do conjunto daqueles que têm caráter locativo), como, por exemplo, tepē-c, no monte, petla-pan, na esteira, āca-tzālan, entre as canas][3].

Também na língua huarpe da Argentina, tais topônimos com posposição locativa eram comuns. Tal língua foi falada por um grupo indígena extinto que, no século XVI, vivia na região de Cuyo, situada no oeste daquele país, onde atualmente estão as cidades argentinas de Mendoza e San Juan. Os huarpes estiveram submetidos aos incas até a chegada dos espanhóis. Sua língua foi gramaticalizada pelo jesuíta Luís de Valdivia (1608) (Michieli, 1990). Corominas (1971) arrolou alguns topônimos huarpes com a terminação -ta, que ele afirma ser a mais geral e característica dos nomes de lugares em Cuyo: ‘Huentata’, ‘Canota’, ‘Mosmota’, ‘Tocota’, ‘Espata’, ‘Puyuta’, ‘Cacheta’, ‘Picheuta’, ‘Chameuta’, ‘Ansilta’, ‘Sopanta’, ‘Neuacanta’, ‘Pancanta’, ‘Chalanta’. Essa terminação -ta é, com efeito, a posposição ‘em’, ‘para’ naquela língua.

11
  1. Tradução nossa.
  2. Tradução nossa.
  3. Tradução nossa.