Página:Os trabalhadores do mar.djvu/201

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— Mas se o mar estiver muito máo?

— Máo tempo?

— Sim.

— Não virá tão depressa, mas virá.

— Donde virá?

— De Bilbao.

— Para onde irá?

— Para Portland.

— Bem.

— Ou para Tor Bay.

— Melhor.

— O seu homem póde ficar tranquillo.

— Blasquito não será traidor?

— Os covardes são traidores. Somos valentes. O mar é a igreja do inverno. A traição é a igreja do inferno.

— Ninguem nos ouve?

— É impossivel ouvir-nos ou ver-nos. O medo faz isto deserto.

— Sei.

— Quem se atreveria a escutar?

— É verdade.

— Mesmo que escutassem não poderiam entender. Fallamos uma lingua que ninguem conhece. Desde que você a sabe, é dos nossos.

— Eu vim para arranjarmos os negocios.

— Bom.

— E agora vou-me embora.

— Pois sim.

— Diga-me cá, homem. Se o passageiro quizer que Blasquito vá a outro lugar que não Portland ou Tor Bay?