Página:Os trabalhadores do mar.djvu/230

Wikisource, a biblioteca livre
— 222 —

cincoenta mil francos roubados ao seu socio, o excellente e digno mess Lettierry, fazem hoje com os juros accumulados de dez annos oitenta mil seiscentos e sessenta e seis francos e sessenta e seis centimos. O senhor entrou hontem na casa de um cambista. Reluchet, chama-se elle, rua de S. Vicente. Deu-lhe setenta e seis mil francos em bilhetes de banco francezes, e em troca deu-lhe elle tres bank-notes de Inglaterra de mil libras esterlinas cada uma, e mais uns trocos. O senhor poz essas bank-notes na boceta de ferro, e a boceta de ferro na algibeira direita. As tres mil libras esterlinas fazem setenta e cinco mil francos. Em nome de mess Lethierry, contento-me com isso. Parto amanhã para Guernesey, e vou levar-lh’os. Rantaine, a galera que alli está á capa é o Tamaulipas. O senhor embarcou alli esta noite as malas misturadas com os saccos e canastras da equipagem. Quer sabir de França. Tem suas razões para isso. Vai a Arequipa. A barcaça vem buscal-o. Está á espera della. Ella ahi vem. Já a estamos ouvindo. Depende de mim deixal-o partir ou obrigal-o a ficar. Basta de palavras. Atire cá a boceta de ferro.

Rantaine abrio o bolso, tirou uma caixinha de ferro e atirou-a a Clubin. A caixinha foi rolar aos pés de Clubin.

Clubin inclinou-se sem abaixar a cabeça, e apanhou a boceta, tendo dirigidos contra Rantaine os dous olhos e os seis canos do revolver.

Depois disse:

— Meu amigo, volte as costas.

Rantaine voltou as costas.

O Sr. Clubin poz o revolver debaixo do braço, e apertou a mola da caixinha. A caixinha abrio-se.