Página:Os trabalhadores do mar.djvu/255

Wikisource, a biblioteca livre
— 15 —

Nas ilhas da Mancha, assim como na Grã-Bretanha, quem quizer ser nobre deve conservar-se opulento. Um workman não pode ser gentleman. Inda que o tenha sido, já não o é mais. Tal marujo descende do cavalheiros e é apenas marujo. Ha trinta annos, em Aurigny, um Gorges authentico que, ao que parece tinha direitos á senhoria de Gorges confiscada por Philippe Augusto, apanhava sargaço com os pés nús. Ha em Serk um Carteret que é carreiro. Existe em Jersey um mercador de pannos, e em Guernesey um sapateiro, que tem o nome de Gruchy, que se declaram Grouchy e primos do marechal de Waterloo. Os antigos registros do bispado de Contances, mencionam uma senhoria de Tangroville, parenta evidente de Tancarville no Baixo-Sena, que é Montmorency. No decimo quinto seculo Johan de Heroudeville, bésteiro e afim do Sr. de Tangroville, levava sempre comsigo justilhos e arnezes. Em Maio de 1371, em Tontorson, o Sr. Tangroville fez o seu dever como cavalheiro. Nas ilhas normandas quem cabe em pobreza é logo eliminado da fidalguia. Basta uma mudança de nome. De Tangroville faz Taugouille, e tudo se arranja.

Foi o que aconteceu ao timoueiro da Durande.

Ha em Saint-Pierre Port, no Bordage, um mercador de ferros velhos chamado Ingrouille, que é provavelmente Ingroville. No reinado de Luiz o Gordo, os Ingroville possuiam tres parochias em Valognes. Fez um padre Trigan a Historia ecclesiastica da Normandia. Este chronisla Trigan era cura de Digoville. O Sr. de Digoville, se cahisse no populacho, chamar-se-ha Digouille.