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Página:Os trabalhadores do mar.djvu/277

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— Estamos salvos.

A marcha continuou rapida.

Pelas tres horas, a orla inferior do nevoeiro começou a levantar-se e vio-se o mar.

— Máo! disse o guernesiano.

Só o sol ou o vento deve levantar a bruma. Quando é o sol é bom signal; quando é o vento, não é tão bom signal. Era tarde já para ser o sol. Ás tres horas, em Fevereiro, o sol está fraco. Não era cousa desejavel a volta do vento naquella situação critica. Muitas vezes annuncia o furacão.

Verdade seja, que, se havia brisa, mal se sentia.

Clubin, com o olhar na bitacula, governando o leme, mastigava algumas palavras que chegavam aos passageiros; era isto mais ou menos:

— Não ha tempo a perder. Aquelle bebado demorou a viagem.

O seu rosto, porém, não tinha expressão alguma.

O mar estava menos adormecido. Já se enxergavam algumas vagas. Luzes geladas fluctuavam na agua. Essas placas de clarão nas ondas preocupam os marinheiros. Indicam que o vento faz buracos por cima do nevoeiro. A bruma levantava-se e tornava a cahir mais densa. As vezes a opacidade era completa. O navio estava numa verdadeira montanha de nevoeiro. De quando em quando aquelle circulo tremendo abria-se como uma tenaz, deixava ver o horisonte, e fechava-se depois.

O guernesiano, armado de um oculo, estava como uma vedeta, na frente do navio.

Clareou, depois escureceu outra vez.

O guernesiano voltou-se assustado: