Página:Os trabalhadores do mar.djvu/281

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— Cinco ou seis minutos.

Depois interrogou o passageiro guernesiano:

— Eu estava ao leme. O senhor observou o rochedo. Em qual dos Hanois estamos nós?

— Na Mauve. Reconheci ainda agora, com um pouco de claridade.

— Sendo a Mauve, continuou Clubin, temos o grande Hanois a bombordo e o pequeno Hanois a estibordo. Estamos a uma milha de terra.

A equipagem e os passageiros escutavam, tremulos de anciedade e de attenção, com os olhos fixos no capitão.

Allijar o navio era inutil, e demais, impossivel. Para pôr a carga ao mar, era preciso abrir as portinholas e augmentar as probabilidades de entrar agua. Atirar a ancora era inutil; estavam pregados. Demais podia ficar presa. Não estava avariada a machina, e continuando á disposição do navio emquanto o fogo não estava apagado, isto é, por alguns minutos, podia-se á força de rodas e de vapor, recuar e arrancar o navio do escolho. Nesse caso iria ao fundo immediatamente. O rochedo até certo ponto tapava o rombo e tolhia a passagem da agua. Servia de obstaculo. Desobstruida a abertura, seria impossivel impedir a entrada da agua. Quem retira o punhal de uma ferida no coração, mata logo o ferido. Sahir do cachopo era ir ao fundo.

Os bois, atacados pela agua, começavam a mugir.

Clubin ordenou.

— A chalupa ao mar.

Imbrancam e Tangrouille precipitaram-se e desataram as amarras. O resto da tripulação olhava petrificado.