lugubres e luminosas dilatações. É a tempestade jubilosa, é a aurora ameaçadora. Tudo isso sahe da consciencia, que se faz sombria e ennevoada.
Foi esse fulgor que illuminou aquelles olhos.
Relampago que não se parecia com cousa alguma do que se póde ver no céo e na terra.
O velhaco comprimido que havia em Clubin fez explosão.
Clubin fitou a immensa obscuridade, e não pôde reter uma gargalhada baixa e sinistra.
Estava livre! estava rico!
Achara a incognita. Resolvera o problema.
Clubin tinha tempo de cuidar de si. A maré enchia e por conseguinte sustentava a Durande, e afinal devia pol-a a nado. Mas o navio adheria solidamente ao rochedo; não havia perigo de sossobrar. Além disso, era preciso deixar á chalupa o tempo de affastar-se, perder-se talvez; Clubin contava com isso.
De pé sobre a Durande naufragada, cruzou os braços, saboreando aquelle abandono nas trevas.
A hypocrisia pesou áquelle homem durante trinta annos. Era o mal, e consorciou-se com a probidade. Odiava a virtude com um odio de mal casado. Teve sempre uma premeditação malvada; desde que se fizera homem, trazia aquella armadura rigida, a apparencia. Era monstro internamente; vivia em uma pelle de homem de bem, com um coração de bandido. Era o pirata ameno. Era prisioneiro da honestidade; estava fechado naquelle caixão de mumia, a innocencia; tinha nas costas azas de anjo, esmagadoras para um velhaco. Pesava-lhe de mais a estima publica. Passar por homem honrado é duro! Manter constante equilibrio, pensar