Página:Os trabalhadores do mar.djvu/643

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Quanto ás palavras que elle acabava de pronunciar, estavam tão longe do que elles pensavam nesse momento, que resvalaram-lhe no espirito.

Gilliatt continuou:

— Que necessidade é essa de se dizerem adeos? Casem-se. Embarquem depois.

— Deruchette estremeceu da cabeça aos pés.

Gilliatt continuou:

— Miss Deruchette tem vinte e um annos. É senhora de sua vontade. Seu tio é apenas seu tio. Amam-se...

Deruchette interrompeu docemente.

— Como é que o senhor está aqui?

— Casem-se, continuou Gilliatt.

Deruchette começava a perceber o que lhe dizia aquelle homem. Murmurou:

— O meu pobre tio...

— Recusaria se o casamento estivesse por fazer, disse Gilliatt, e consentirá quando o casamento estiver concluido. Demais vão embarcar ambos. Quando voltarem, elle os perdoará.

Gilliatt accrescentou com um tom amargo:

— E depois, elle já não pensa senão em construir o vapor. Isso o distrahirá durante a sua ausencia. Tem Durande para consolal-o.

— Eu não quizera, balbuciou Deruchette n’um espanto misturado de alegria, não quizera deixar pesares indo-me embora...

— Não durarão muito tempo os pesares, disse Gilliatt.

Ebeneser e Deruchette tiveram uma especie de deslumbramento. Tranquillisaram-se. Na sua decrescente