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Delirio de Ebrio
(A J. FELICIO JUNIOR.)
I

Era alli para a frente d'uma tasca immunda do Macáu, onde á alta noite se conglobava em libações de alcool uma gente suspeita de garimpeiros esfarrapados,soldados desertores da guarda, e horizontaes somnolentas, que encontravam o Paulo, o terror nocturno dos raros e solifugos transeuntes, que faziam naquelles tempos coloniaes suas sortidas criminosas là pelas então escuras e desertas viellas do[1] Tijuco. O céu chumbado largava descargas medonhas e a calçada lamarenta attestava o furor tempestuoso da estação.

Deitado na lagea humida da porta, os cabellos em nado na poça de agua, o corpo enregelado e tremulo a poder da fraqueza pela cachaça; emquanto dentro, no antro do vicio, havia um tilintar de copos sujos e gordurosos, com berros tonitroantes de bebedos e jogadores esquentados.

  1. Hoje a opulenta e formosa Diamantina, cidade norte mineira.