Castro Alves cuja educação esthetica se formou no Recife, e Mello Moraes Filho que se fez no Rio de Janeiro.
Bem diverso é o caso da minha terra: offuscado pela grande provincia e hoje poderoso Estado, o pequenino Sergipe, não tem passado das acanhadas proporções de uma ignorada comarca de longinquos sertões.
Da politica a vida local permittiu-lhe apenas a politiquice. Intelligentes, porem, os sergipanos, almas fustigadas por alguma cousa de nobre elevado, o surto do espirito se lhes faz nas azas da poesia ou nas doces volates da musica.
E’ por que em Sergipe o proprio povo ama delirantemente estas duas artes.
Não existe no Brazil terra onde a lyra popular seja mais sonóra, o folk-lore mais rico, as festas plébeas mais animadas, as modinhas mais maviosas, as danças mais ardentes, os lundús mais chorados.
O povo sergipano, é amoravel, bondoso, hospitaleiro, e tem o dom especial de altiar a um certo fundo de ingenuidade e acanhamento a firmeza de caracter, a veia comica e as effusões da poesia.
Os seus poetas não tem no paiz inteiro a fama que deveriam ter, devido exclusivamente ao pouco valor politico, social e representativo de sua terra, a menor do Brazil e a mais prejudicada de todas. Junte-se a isto, que é innegavel, o consciente ou inconsciente preito da subserviencia e da mania adulatoria, que constantemente neste paiz existiram para com os homens das grandes provincias ou Estados, os fautores da politica, os dispensadores de graças, os poderosos arranjadores de empregos, escudados nas enormes representações em parlamentos e congressos, e ter-se-há a demonstração do esquecimento que tem envolvido os bons talentos das pequenas provincias, verdadeiros Ilotas no meio de parvenus e audaciosos de todo o genero.
Quem no Rio de Janeiro ou Petropolis, no Recife ou Olinda, na Bahia ou Valença, em Ouro Preto ou Bello Horizonte, em São Paulo ou Santos, em Porto Alegro ou Pelotas, acreditará jamais na