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existencia de talentos sergipanos, do poetas sergipanos, do illustrações sergipanas?

Pois taes cousas podem vir das margens do Cotinguiba?

Qual historia ! — Pois este é o caso ; e por isso vemos ainda hoje Bittencourt Sampaio, o melhor lyrico sertanegista e campesino do Brasil, não ter a fama que lhe compete, como a não tem Pedro do Calasans, como a não tem Tobias Barretto, como a não tem Elseario Pinto, como a não tem João Ribeiro, nem Pedro Moreira, nem José Jorge, nem Joaquim Fontes, nem José Maria Gomes…

Nem a terão jámais.

III

Na impossibilidade de dar neste logar uma analyse de cada um dos poetas que figuram nesta collectanea, direi apenas dos grupos em que naturalmente se dividem e da indole esthetica de seus chefes.

A primeira observarão que ora me occorre á a do não haver encontrado, nas pesquizas a que prosedi, poeta algum sergipano no periodo colonial. Sem fallar no seculo XVI, que não deu poeta a parte alguma do Brasil, a não ser o insignificante Bento Teixeira Pinto, nem o seculo XVII, nem o seculo XVIII, que eu saiba, produziram um só vate em Sergipe. A nosso seculo é que vem a caber semelhante tarefa, e as producções de maior vulto datam de 1850 em diante.

A segunda observação a fazer é que todos os poetas que apparecem neste livro deixaram a terra natal num certo periodo da vida, e a maior parte para não mais voltar, o que importa affirmar que os typos de cada grupo entre si contemporaneos não chegaram a viver em commum, a ponto de crear tradições e fazerem escola, e pode-se até affirmar, sem medo de errar, que os mais notados delles influiram mais no Brasil em geral do que particularmente em Sergipe.

E’ facto este já referido e demonstrado na Historia da Litteratura Brasileira. Calasans, Tobias, Bittencourt, João Ribeiro e o auctor destas linhas tiveram mais força de expansão nacional do que puramente sergipana.

XII