A glosa não se fez demorar e faz honra ao estro lyrico do poeta:
«Eu sinto que se me agitam
As profundezas do ser,
Que mais um raio—é morrer,
Quando os teus olhos me fitam.
Que pensamentos excitam
Os olhos fagueiros teus !
São rompimentos dos céos
Olhares que a tudo abalam ;
Quando os teus olhos me fallam
Minh'alma acredita em Deus.»
No anno de 1870, por occasião da discussão travada entre Tobias, no Americano, e um velho conselheiro, famoso crente, no Catholico, a respeito de critica religiosa, passeando eu com o poeta e varios amigos, em bella noite de luar, ao longo da rua da Aurora, no Recife, a conversar a proposito da polemica, que ia acirrada de parte a parte, parodiando conhecido motte do Album da rapaziada, de Moniz Barretto, dei-lhe este a glosar:
«Padrécos, tocae o sino,
Que e Catholico morreu.»
A musa facêta respondeu, retrucando assim, com a presteza originalissima dos improvisadores de raça :
«Um velho, feito menino
Por força da caduquice,
Quiz luctar !… oh ! que sandice !
Padrécos, tocae o sino.
Não julgueis ser desatino.
Taxal-o assim de sandeu ;
Se em discussões se metteu,
Para tomar uma sova,
Carolas, abri-lhe a cova,
Que o Catholico morreu.»