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I


O Libertino Arrependido

No correr da juventude
Errei a estrada… perdi-me !
Sacrifiquei a virtude
Sobre o negro altar do crime.
Blasphemei, meu Deus, de quanto
Na terra encontrei mais santo,
Vosso culto e vosso altar…
Fui talvez, Senhor, perdão !
Mais fraco que Salomão,
Mais impio que Balthazar…

No sonho do amor primeiro,
Que encanta a manhan da vida,
Lancei meu porvir inteiro
Aos pés da mulher perdida,
Que com marmorea frieza
Riu-se de tanta pureza
Com risos de Satanaz…
Deusa infame das orgias,
Lançou a flôr de meus dias
Ao fogo das paixões más.

Sorvi-lhe os beijos devassos
Com soffreguidão immensa !
Adormeci nos seus braços.