O mundo injusto applaudiu
Do anjo a queda e o cobriu
De escarneo, de maldição.
Pobre victima innocente
Em ais, em pranto definha,
Sofrendo a pena inclemente
Da culpa qu’era só minha !
A’ alva de sua innocencia
Que amor, meu Deus, que candura !
Desfolhou-se o branco lyrio
Ao furor de meu delirio
No abysmo da desventura.
Pobre criança ! Perdida,
Pede ao céu consolação ;
Pallida fronte, abatida,
Ao mundo pede perdão.
Mas de balde, porque o mundo,
Com sarcasmo atroz, profundo,
Lança-lhe em face o seu crime…
Ai ! perdão para o erro seu!
O criminoso—fui eu;
Mas, meu Deus, arrependi-me !
Não brilha tanto na celeste altura
A estrella na manhã,
Como da vida nos vergéis fulgura
Tua imagem louçan.
De teus olhos a luz, gentil donzella,
E’ scentelha divina,
Que os segredos do céu doce revela
A’s almas que illumina.