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Eu aguardava as tuas doces lettras
Com que ao céo perdoasse as bellas côres!

Ião assim, um após outro, os dias.
Nada. — E aquelle horizonte tão fechado
Nem deixava chegar aos meus ouvidos
O écho longinquo do teu nome amado.

Só, durante seis mezes, dia e noite
Chamei por ti na minha angustia extrema;
A sombra era mais densa a cada passo,
E eu murmurava sempre: — Oh! minha Emma!

Um quarto de papel — é pouca cousa;
Quatro linhas escriptas — não é nada;
Quem não quer escrever colhe uma rosa,
No valle aberta, á luz da madrugada.

Mandão-se as folhas n'um papel fechado;
E o proscripto, anciando de esperança,
Póde entre-abrir nos labios um sorriso
Vendo n'aquillo uma fiel lembrança.

Era facil fazêl-o e não fizeste!
Meus dias erão mais desesperados.