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Meu pobre coração ia seccando
Como esses fructos no verão guardados.

Hoje, se o comprimissem, mal deitava
Uma gotta de sangue; nada encerra.
Era uma taça cheia: uma criança,
De estouvada que foi, deitou-a em terra!

É este o mesmo tempo, o mesmo dia.
Vai o anno tocando quasi ao fim;
É esta a hora em que, formosa e terna,
Conversavas de amor, junto de mim.

O mesmo aspecto: as ruas estão ermas,
A neve coalha o lago preguiçoso;
O arvoredo gastou as roupas verdes,
E nada o cysne triste e silencioso.

Vejo ainda no marmore o teu nome,
Escripto quando alli comigo andaste.
Vamos! Sonhei, foi um delirio apenas,
Era um louco, tu não me abandonaste!

O carro espera: vamos. Outro dia,
Se houver bom tempo, voltaremos, não?