Alli suspira e canta,
Abraçando-se á tremula folhagem
Que se espelha na onda voluptuosa.
Alli a desditosa,
A triste Ophelia foi sentar-se um dia.
Enchião-lhe o regaço umas capellas
Por suas mãos tecidas
De varias flôres bellas,
Pallidas margaridas,
E rainunculos, e essas outras flôres
A que dá feio nome o povo rude,
E a casta juventude
Chama — dedos da morte. — O olhar celeste
Alevantando aos ramos do salgueiro,
Quiz alli pendurar a offrenda agreste.
N'um galho traiçoeiro
Firmára os lindos pés, e já seu braço.
Os ramos alcançando,
Ia depôr a offrenda peregrina
De suas flôres, quando
Rompendo o apoio escasso,
A pallida menina
Nas aguas resvalou; forão com ella
Os seus — dedos da morte — e as margaridas.
As vestes estendidas
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