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LYSIAS.

                            Refreia os teus furores,
Poeta; eu não quizera amargurar-te, e enfim
Não podia suppôr que a amasse tanto assim.
Caspité! Vais depressa!


CLEON.

                        Ai, Lysias, é verdade,
Amo-a como não amo a vida e a mocidade;
De que modo nasceu esta affeição que encerra
Todo o meu ser, ignoro. Acaso sabe a terra
Por que é mais bella ao sol e ás auras matinaes?
Amores estes são terriveis e fataes.


LYSIAS.

Vês com olhos do céu cousas que são do mundo;
Acreditas achar esse affecto profundo,
N’estas filhas do mal! Se a todo o transe queres
Obter a casta flôr dos celicos prazeres,
Deixa a alegre Corintho e todo o luxo seu;
Outro porto acharás: procura o gyneceo.
Escolhe aquelle amor doce, innocente e puro,
Que inda não tem passado e vive no futuro.
Para mim, já t’o disse, o caso é differente;
Não me importa um nem outro; eu vivo no presente.


CLEON.

Deu-te amiga Fortuna um grande cabedal: