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LXXII


A gloria? Tarde vens, pobre exilado!
A gloria pede as illusões viçosas,
Estro em flôr, coração electrisado,
Mãos que possão colher ethereas rosas;
Mas tu, filho do ocio e do peccado,
Tu que perdeste as forças portentosas
Na agitação que os animos abate,
Queres colher a palma do combate?

LXXIII


Chamas em vão as musas; deslembradas,
Á tua voz os seus ouvidos cerrão;
E nas paginas virgens, preparadas,
Pobre poeta, em vão teus olhos errão;
Nega-se a inspiração; nas despregadas
Cordas da velha lyra, os sons que encerrão
Inertes dormem; teus cansados dedos
Correm debalde; esquecem-lhe os segredos.

LXXIV


Ah! se a taça do amor e dos prazeres
Já não guarda licor que te embriague;
Se nem musas nem languidas mulheres