Tem cousas de criança e modos de mocinha,
Estuda o catechismo e lê versos de amor.
Outras vezes valsando, e seio lhe palpita,
De cansaço talvez, talvez de commoção.
Quando a boca vermelha os labios abre e agita,
Não sei se pede um beijo ou faz uma oração.
Outras vezes beijando a boneca enfeitada,
Olha furtivamente o primo que sorri;
E se corre parece, á briza enamorada,
Abrir azas de um anjo e tranças de uma huri.
Quando a sala atravessa, é raro que não lance
Os olhos para o espelho; e raro que ao deitar
Não leia, um quarto de hora, as folhas de um romance
Em que a dama conjugue o eterno verbo amar.
Tem na alcova em que dorme, e descansa de dia,
A cama da boneca ao pé do toucador;
Quando sonha, repete, em santa companhia,
Os livros do collegio e o nome de um doutor.
Alegra-se em ouvindo os compassos da orchestra;
E quando entra n'um baile, é já dama do tom;
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Aspeto
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