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Voão tambem como essas avezinhas
Meus sombrios, meus tristes pensamentos;
Zombão da furia dos contrarios ventos,
Fogem da terra, acercão-se do céo.

Porque o céo é tambem aquella estancia
Onde respira a doce creatura,
Filha de nosso amor, sonho da infancia,
Pensamento dos dias juvenis.
Lá, como esquiva flôr, formosa e pura,
Vives tu escondida entre a folhagem,
Ó rainha do ermo, ó fresca imagem
Dos meus sonhos de amor calmo e feliz!

Vão para aquella estancia, enamorados,
Os pensamentos de minh'alma anciosa;
Vão contar-lhe os meus dias mal gozados
E estas noites de lagrimas e dôr;
Na tua fronte pousaráõ, mimosa,
Como as aves no cimo da palmeira;
Dizendo aos échos a canção primeira
De um livro escripto pela mão do amor.

Dirão tambem como conservo ainda
No fundo de minh'alma essa lembrança