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A MOSCA AZUL


Era uma mosca azul, azas de ouro e granada,
         Filha da China ou do Indostão,
Que entre as folhas brotou de uma rosa encarnada,
         Em certa noite de verão.

E zumbia, e voava, e voava, e zumbia
         Refulgindo ao clarão do sol
E da lua, — melhor do que refulgiria
         Um brilhante do Grão-Mogol.

Um poleá que a viu, espantado e tristonho,
         Um poleá lhe perguntou:
«Mosca, esse refulgir, que mais parece um sonho,
         Dize, quem foi que t’o ensinou?»

Então ella, voando, e revoando, disse:
         — «Eu sou a vida, eu sou a flor