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MARIA


Maria, ha no seu gesto airoso e nobre,
Nos olhos meigos e no andar tão brando,
Um não sei quê suave que descobre,
Que lembra um grande passaro marchando.

Quero, ás vezes, pedir-lhe que desdobre
As azas, mas não peço, reparando
Que, desdobradas, podem ir voando
Leval-a ao tecto azul que a terra cobre.

E penso então, e digo então commigo:
«Ao céu, que vê passar todas as gentes
Bastem outros primores de valia.

«Passaro ou moça, fique o olhar amigo,
O nobre gesto e as graças excellentes
Da nossa cara e lepida Maria.»