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Na posição, na edade e no juizo,
E que alli mesmo, á luz dos bentos cyrios
(Tão de longe vêm já os maus costumes)!
Ousavam inda suspirar por ella.



III


Entre esses figurava o moço Vasco.
Vasco, a flôr dos vadios da cidade,
Namorador dos adros das egrejas,
Taful de cavalhadas, consummado
Nas hippicas façanhas, era o nome
Que mais na baila andava. Moça havia
Que por elle trocara (erro do moça)!
O seu logar no céu; e este peccado,
Inda que todo interior e mudo,
Dous terços lhe custou de penitencia
Que o confessor lhe impoz. Era sabido
Que nas salas da casa do governo,
Certa noite, de magua desmaiaram
Duas damas rivaes, porque o magano
As cartas confundira do namoro.
Estas proezas taes, que o fertil vulgo
Com argumentos de casa encarecia,
E a bem lançada perna, e o luzidio
Dos sapatos, e as sedas e os velludos,
E o franco applauso de uns, e a inveja do outros,
O sceptro lhe doaram dos peraltas.