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olinda a alzira
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Senti reconcentrar-se n'um só ponto.
Findava o meu amante, inda eu gosava
(Comprimindo-o comigo) altas venturas,
De que sedenta então não poderia
Fartar-me assás: meus braços exhauridos,
Meu collo, e pés, eu toda fatigada
Do vehemente tremor, em que lidára,
Caí prostrada, quasi semi-morta.

Quando a meus olhos (que caligens densas
Tinham coberto) a luz tornou de novo,
Volvi-os sobre o amante, de tal sorte
Que ao vel-o já supplice o instigava:
Não ficava ocioso n'este tempo.
Que no exame gastou do entrado forte.
Pasmando dos estragos que fizera,
E dos despojos que lucrava alegre.
Da machina, que a praça expugnou firme,
A estructura e altivez eu divisando,
Custava-me a atinar como podéra
Plantar-se o belisco no reducto estreito.
Bellino minhas vistas comprehendendo,
Fez-me sentir, forçando-me a tocal-o,
Marmorea rigidez, côr escarlate,
Fórma e calor de obuz, que disparava.
Quando submisso, da peleja lasso,
O vi depois sem o estendido conto,
Brancas roupas trajava, mais humilde:
Mas agora, affrontando, arremeçando
Monarcha ufano, a purpura do collo,
Com furor ao combate se aprestava.