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olinda a alzira
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De me identificar c'o meu Bellino:
Estreitada com elle, abandonada
De amor á raiva, que ambos incendia,
Sobre mim o arrastei junto do leito,
Onde ao meu peito o seu, aos seus meus labios,
Do corpo os membros todos enlaçados
Misturando nos osculos o alento.
Nos osculos libando doce nectar,
Em tal agitação, que aos céos alçar-me,
E abater-me aos abysmos parecia;
Ávida de absorver a grossa lança,
De soffrer-lhe a rijeza diamantina,
E de arrostar-lhe os golpes incessantes,
Sentindo o instante em que violento impulso
De celeste effusão marcava o termo.
Nas mãos, e nos pés sós firmando o corpo,
Tanto me impertiguei, queo o meu amante
Sustive sobre mim, suspenso, em quanto
Aos finaes paroxismos succumbindo
Ao meu uniu seu ultimo gemido,
E dentro das entranhas abrazadas
Lançando-me torrentes d'almo influxo.
Submersa me deixou n'um mar de gosos.

Julgas, Alzira, que entre tanto gosto
Na assidua compressão me não doiam
As maceradas melindrosas carnes?
Ah! que esta dôr pelo prazer vencida
Irritava emoções deliciosas,
Sobre-elevada ás sensações mais gratas.
Qual sequioso cervo, repassado