Página:Poesias eroticas, burlescas e satyricas.djvu/128

Wikisource, a biblioteca livre
124
sonetos


XIX

Turba esfaimada, multidão canina,
Corja, que tem Deus ou Momo, ou Baccho,
Reina, e decreta nos covis de Caco
Ignorancia d′aqui, d′alli rapina:

Colhe de alto systema e lei divina
Imaginario jus, com que encha o sacco;
Textos gagueja em vão Doutor macaco
Por ouro, que promette alma sovina:

Circulo umbroso de venaes pedantes.
Com torpe astucia de maligno zorra
Usurpa nome excelso, e graus flamantes:

Ora mijei na sucia, inda que eu morra
Corno, arrocho, bambu nos elephantes,
Cujo vulto é de anões, a tromba é porra!