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Página:Poesias eroticas, burlescas e satyricas.djvu/17

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POEMA
13
XV

Disse; e o negro da cama velozmente
Para beijar-lhe os pés se levantava;
Mas tropeça n'um banco, e de repente
No fetido bispote as ventas crava :
Não ficando da queda mui contente
Co'uma gotta de mijo á pressa as lava;
E, acabada a limpeza, a voz grosseira.
Ao numen dirigiu d'esta maneira:

XVI

«Soccorro de famintos fodedores,
Propicia divindade, que me escutas!
Tu consolas, tu enches de favores
O mestre da fodenga, o pae das putas:
Viste que, do tezão curtindo as dòres,
Travava co'o lençol immensas luctas;
E baixaste ligeiro, como Noto,
A dar piedoso amparo ao teu devoto.

XVII

«Em quanto houver tezões, e em quanto o cono
Fòr de arreitadas picas lenitivo.
Sempre hei de recordar-me, alto patrono.
De que és de meus gostos o motivo:
Pois me dás gloria no elevado throno,
E já, como o veado fugitivo
Que o caçador persegue, eu corro, eu corro
A procurar as bordas por quem morro.»