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Página:Poesias eroticas, burlescas e satyricas.djvu/215

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notas
211

Padre Frei Cosme, vossa reverencia
Se engana, ou enganar-nos talvez tenta:
Quem as riquezas dá, quem nos sustenta,
Não é de Deus a summa providencia?

Pois logo com que cara ou consciencia
Esmola pede, e arrepanhar intenta
Para o Senhor da Paz, ou da Tormenta?
Tem Deus do homem acaso dependencia?

Tire a mascara pois, largue a sacola,
E deixe o povo, a quem impunemente
Em nome do Senhor escorcha, e esfola:

Á viuva deixe a esmola, e ao indigente;
E não queira, hypocrita farçola
Foder á custa da devota gente.




Lingua mordaz, infame, e maldizente,
Não ouses murmurar do bom prelado:
Inda que o vejas com Alcippe ao lado.
Amiga não será, será parente:

Geral da Ordem, prégador potente,
No jogo padre-mestre jubilado,
E tambem caloteiro descarado
Pode ser que o repute alguma gente: