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E que, lá no occidente,
Ultima vês seu radioso lume,
Em ti minha alma a eterna cruz adora.

Rochedo, que descanças
No promontorio nú e solitario,
Como atalaia que o oceano explora,
Alheio ás mil mudanças
Que o mundo agitam turbulento e vario,
Em ti minha alma a eterna cruz adora.

Sobros, robles frondentes,
Cuja sombra procura o viandante,
Fugindo ao sol a prumo que o devora,
Nesses dias ardentes
Em que o Leão nos céus passa radiante,
Em ti minha alma a eterna cruz adora.

Oh mato variado,
De rosmaninho e murta entretecido,
De cujas tenues flores se evapora
Aroma delicado,
Quando és por leve aragem sacudido,
Em ti minha alma a eterna cruz adora.