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Cala o som e o canto: a tumba
    Some-se: finda o clamor
    A seu mando; e o tropel voa
    Na pista do corredor.

Sempre mais alto a corrida
    Soa. Vão á fula-fula.
    Ginete e guerreiro arquejam:
    A faisca, a pedra pula.

Como á dextra e esquerda fogem
    Montes, bosques, matagaes!
    Como á dextra e esquerda fogem
    Cidades, villas, casaes!

―«Tremes, cara? A lua é pura.
    Depressa o morto usa andar.
    Temes os mortos, querida?»―
    ―«Ai, deixa-os lá repousar!»―

―«Olha! Ao redor de uma forca
    Dançar em tropel não vês
    Aereos corpos, que alvejam
    Da luz da lua através?

Oh lé, birbantes, aqui!
    Birbantes, acompanhai-me!
    Vinde. A dança do noivado
    Juncto do leito dançae-me.»―