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D'uma porta ás grades ferreas
    Á rédea solta chegaram,
    E de fragil vara ao toque
    Ferrolho e chave saltaram.

Fugiram piando as aves:
    A corrida, emfim, parára
    Sobre campas. Os moimentos
    Alvejam; que a noite é clara.

Peça após peça, ao guerreiro
    Cáe a armadura lustrosa
    Em negro pó impalpavel,
    Qual de isca fuliginosa.

Sua cabeça era um craneo
    Branco-pallido, escarnado:
    Nas mãos tem fouce e ampulheta,
    Triste adorno de finado.

Alça-se e arqueja o ginete:
    I­gneas fai­scas lançou,
    E debaixo de seus pés
    Abriu-se a terra, e o tragou.

Dos covaes surgem phantasmas:
    Feio urrar os ares corta:
    Bate incerto o coração
    Da donzella semimorta.