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esperar do Governo Britannico; por isso peço licença para offerecer algumas observações sobre estes factos.

A colligação entre os dous partidos, a Junta rebelde do Porto e os chefes miguelistas, por todas as noticias recebidas em Lisboa, e bem fundadas nos artigos do jornal offcial da Junta do Porto, parece ser um negocio resolvido. Todavia algumas cartas do Porto deixam algumas duvidas em quanto á conclusão final de tão extraordinario contracto, mas nem por isso contradizem o facto das negociações entaboladas para esse fim, as quaes podem acabar pela definitiva conclusão da alliança.

Pouco importa porém que esta alliança se tenha ou não verificado, porque ha um facto que não pode admittir duvida alguma, e é, que um partido miguelista appareceu em campo, e levantou outra vez o estandarte do proscripto usurpador.

Este facto por si mesmo é da mais grande importancia, porque cahe directamente debaixo das estipulações do Tratado de 22 de Abril de 1834, vulgarmente chamado da Quadrupla Alliança; e em respeito a estas estipulações o Governo de Sua Magestade julgou necessario e prudente dar devido conhecimento aos seus Alliados das actuaes occorrencias em Portugal, para que o Governo Britannico possa preparar-se para operar com a sua costumada energia e promptidão quando as circunstancias o exijam.

Forte com a justiça da sua causa, e fiada na bravura e lealdade das suas tropas, Sua Magestade Fidelissima espera que, com a ajuda da Divina Providencia, os meios a disposição do seu Governo sejam sufficientes para suffocar e vencer a rebellião, quer os anarchistas que obedecem á Junta do Porto, quer os bandos miguelistas, se apresentem no campo em separado, ou ambos reunidos. Mas se algum caso imprevisto fizer necessario o immediato soccorro d’uma força Britannica, Sua Magestade confia que um tal soccorro lhe seja immediatamente enviado pelo Governo Britannico.

Nas actuaes negociações entre os rebeldes do Porto e os miguelistas ha um ponto sobre o qual eu peço licença para chamar toda a attenção de V. Ex.ª, é o conselho dado aos miguelistas pela Junta do Porto para abandonarem o laço de Miguel, e pôrem de parte o seu nome, com o fim de evitar d’este modo a intervenção estrangeira, e annullar assim, se fosse possivel, a Quadrupla Alliança.

Porém que um tal subterfugio possa ter algum peso na presença do Governo Britannico me parece absolutamente impossivel. Por quanto, ou o partido miguelista conduza a insurreição por si mesmo, ou unido com a Junta, o objecto que elles tem constantemente mani-